três vezes lua

leandro antony
1 min readJul 11, 2024

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É no noturno que te fito no mais claro breu do teu mistério.
Silente de qualquer movimento.
De forma a me relevar nada além da fuligem prateada,
e pó de hialino que assopra-me sobre o rosto na noite estrelada de Santa Teresa.

Somente no silêncio noturno pregado à boca, quando em irrefletida admiração de quem é cegado por um satélite suspenso no vácuo: avisto-me por um longo instante mudo e insignificante.

— Porque só não me guio quando de mim foges

De quantos deuses seria preciso para descortinar o hermetismo que vive escondido no lado oculto desta esfera cor de pérola? quantos cálculos e teorias seria necessário a fim de revelarmos-nos o conhecimento da escuridão do lado que não se move.

Não se troca um corpo: acompanha-se.

A mudez prateada sobre o mar quando decide subitamente avançar sobre a areia fina
A pressionar os pobres corpos franzinos dos meninos da província, e os polvos; as fêmeas.
Mas é quando ameaçada, e por isso um cansaço muito grande lhe aflige, precisa esconder-se em escuridão, como uma cápsula que precisa se proteger antes.

Tão logo desaparecem os albatroz
e novamente cegos, agora em escuridão de quartzo-negro,
os que nunca se guiaram pelo noturno céu ameríndio.

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leandro antony

leio e escrevo pra não deixar de aprender o faz-de-conta